domingo, 16 de julho de 2023

Cândido ou O Otimismo, de Voltaire - Resumo/Comentário

           Continuando com os textos resumidos para leitura, consegui o Resumo do Livro de Voltaire.   Claro que o ideal é a leitura da obra completa, mas... 

Cândido Ou O Otimismo        (Voltaire)              

Tudo o que nos acontece é o melhor que poderia nos acontecer. Demos graças a Deus.
O conselho de Pangloss a Cândido pouco aliviou a dor do jovem que acabara de ter a noiva estuprada por 12 mo.
A agonia de uns pode dar prazer a outros e a terceiros representar os fados da existência.
Nem é só se lhe parece, nem é apenas a crueza dos dias penumbrosos. Mas... é a vida.

      Cândido seguiu viagem com a amada, a bela Cunegundes, não muito satisfeito com os conselhos panglossianos.
Não deixará de ser otimista, mas começa a pensar na necessidade dedar bons cuidados ao bem, que há de ser encontrado.

            O Filósofo Ignorante, Ou as reflexões filosóficas de Voltaire sobre a existência do mal no mundo e a fragilidade humana é um estudo de Marcelo Xavier (marcelo@rabisco.com.br) a partir de Cândido.
Em1755, Lisboa é destruída por terremoto cuja violência impressionou a Europa. Goethe escreve:  porventura em algum tempo o demônio do terror espalhou por toda a terra, com tamanha força e rapidez, o arrepio do medo?. A natureza do evento influencia o pensamento do filósofo François-Marie Arouet, o Voltaire (1694-1778).  Escreveria ?  Um dia tudo estará bem, eis nossa esperança / Tudo está bem hoje, eis nossa ilusão?.  Os terremotos não tinham ainda causas totalmente conhecidas. Voltaire transformaria a catástrofe no exemplo para criticar o paradigma do "otimismo filosófico" e a doutrina da "Providência Divina". Vigia a "tradição" oriunda de Leibniz dado mal ser elemento necessário de uma perfeição da qual conhecemos somente parte do todo... todo mal particular concorria para o bem universal. Desta forma, se Deus escolheu este mundo num conjunto para dar a existência, devemos acreditar que este é o  melhor dos mundos?. A concepção é rechaçada  por Voltaire... Se tudo está bem, qual é o significado da tragédia? Se o mundo está em ordem, nada garante que a ordem se faça para o bem-estar do homem. E quanto aos inocentes?

Ou, por que Lisboa e não Paris ou Londres?...Se o mundo é um vale de lágrimas, então o universo contradiz o otimismo: como compreender um Deus bondoso que permite a existência do mal? Voltaire cita Epicuro em sua exortação a Lisboa ao concluir que ou Deus quer impedir o mal e não pode, ou pode e não quer, ou nem quer e nem pode. Mas, se quer e não pode, não é Deus; se pode e não quer, não é bom, o que é contrário a Deus...
Para Voltaire, o mal era a razão corrompida.

A teoria providencialista e a ciência explicam o incidente em Lisboa, mas não o demovem da idéia de que o terremoto é um exemplo da ruptura da razão, um exemplo de como o ser humano é frágil e vive num lugar onde tudo pode acontecer, sem que possamos fazer nada.

A partir disso Voltaire concebe Cândido. A alegoria é pretexto para a investigação filosófica... Afirmar que Deus tem um plano-mestre para o mundo, além de idéia absurda, nos faz cair em contradições se analisarmos sobre a questão do mal. Cândido é um jovem criado por Pangloss, seu preceptor, que lhe oferece uma visão otimista de que todos vivem no melhor dos mundos. Um dia, eles são expulsos do castelo onde viviam, e passam por terríveis atribulações - entre elas, Cândido presencia a destruição de Lisboa. O jovem conclui que, onde quer que esteja, o mal está por toda parte. A solução é cultivar o jardim? e trabalhar a fim de suportar todos os revezes, de forma a tornar a existência um pouco mais suportável. Ceticismo? Não de todo, pelo menos no sentido original. O ceticismo clássico não acreditaria na razão e na ciência. Na verdade, Voltaire inventaria ali o filósofo ignorante?. Porém, essa ignorância seria o reconhecimento dos limites da razão humana em debater-se sem jamais encontrar uma resposta satisfatória. Ao filosofar sobre o mal em Cândido, por exemplo, ele conclui que  cultivar o jardim e trabalhar?  não seria uma forma de resignação, mas o reconhecimento da ignorância? contra o otimismo e a aceitação de que o mundo não seria tão mau quanto parece. De acordo Maria das Graças do Nascimento, em Cândido existem três alternativas para se responder ao problema do mal. A primeira reside no pensamento mágico de Pangloss, onde os males são necessários em favor do bem maior, tese contestada pelo conto. Se tudo foi feito por Deus tendo em vista um fim, esse fim é, necessariamente o melhor?, diz. A segunda aparece na boca de Martinho, companheiro de Cândido. Para ele, tudo no mundo é regido por dois princípios, o bem e o mal, sendo que o segundo se sobrepõe sempre ao primeiro, ou recalcando qualquer bem incluso no curso dos acontecimentos. A última alternativa, por sua vez, é apresentada por um religioso muçulmano. Cândido e Pangloss perguntam a ele o motivo de existir tanto mal sobre a terra. O homem responde: ?por que vocês se preocupam tanto com isso??.Se não há certeza dos fins e meios do plano-mestre divino, é preciso que os homens trabalhem, com os elementos que a sua razão contingente e humana lhe permite. E se o terremoto lusitano que atemorizou Goethe renovou o misticismo da velha alma gentil portuguesa, encontrou um inimigo desse pensamento mágico no Marquês do Pombal, todo-poderoso secretário de Estado de D. José I, que reconstruiu Lisboa com grande em singela homenagem à razão... demasiadamente humana no filósofo francês
                http://resumos.netsaber.com.br/ver_resumo_c_46143.html  - Acessado em 13 04 20 às 20:40Hs.

2o Resumo 
Cândido ou o otimista - Voltaire
O MELHOR DOS MUNDOS
“... as coisas não podem ser de outro modo: pois, como tudo foi criado para uma finalidade, tudo está necessariamente destinado à melhor finalidade.”
Cândido ou o otimista   (Voltaire)

Cândido vive como agregado no castelo de um dos homens mais poderosos do local e tem como preceptor o mestre Pangloss. Durante toda sua vida aprendeu que deveria compreender todos os acontecimentos da melhor forma possível, pois nasceu como uma inserção possível no melhor dos mundos, e alimenta sua grande paixão por Cunegundes, filha do Barão que o abriga.
O enredo nos surpreende com uma sucessão de desgraças: Cândido é expulso do castelo por ser surpreendido no único encontro com Cunegundes, Mestre Pangloss é enforcado, dissecado e reaparece vivo com explicações absurdas, Cunegundes se prostitui, envelhece carcomida por infortúnios... Os personagens cruzam o mundo em busca de um encontro possível, mas estão naufragados num mar de otimismo irracional.
O leitor é contagiado pela ironia de Voltaire. As diferenças sociais, os preconceitos, os idealismos exacerbados, as guerras permanentes e não motivadas, os inocentes, a corrupção... Ricos argumentos para a vida de Cândido que teima em “sustentar que tudo está bem quando tudo está mal”, segundo os ensinamentos de Pangloss.
O velho sábio Martinho enriquece as vivências de Cândido. Surge como acompanhante e transforma-se no contraponto necessário às percepções que só encontram alicerces na filosofia ministrada por Pangloss. No trajeto final, é o olhar realista das sombras fragmentadas de desgraças e realizações que insistem em manter os caminhos primitivos e sacramentam, definitivamente, a impossibilidade de uma visão conformista e otimista.
Martinho é maniqueísta e não espera coisa alguma do mundo ou das pessoas. Seu olhar é realista, apesar de tão aviltante. “Por toda a parte os fracos abominam os poderosos perante os quais rastejam, e os poderosos os tratam como rebanhos de que vendem a lã e a carne”
“- Que mundo é este?” A indagação costura as mazelas do protagonista e encontra diversas respostas: “o melhor dos mundos possíveis” de Pangloss ou “alguma coisa de louco e abominável” de Martinho.
A grande lição é dada pelo velho turco que passou a vida cuidando de sua família dentro dos limites de sua propriedade: “aqueles que se metem em negócios públicos acabam miseravelmente”. A vida de sua família está em harmonia: plantam e colhem os frutos do trabalho no pequeno sítio. O homem, distante das pretensões intelectuais, ensina aos filhos que o trabalho afasta os três grandes males: “o tédio, o vício e a necessidade”.
Cândido retorna para a propriedade. Sua vida realizou-se à margem do ideal. Cunegundes, a donzela desejada, só se transformou em realidade quando já velha e gasta. Os sábios ainda tentam travar os embates filosóficos, contudo, a platéia sucumbiu às intempéries sem âncoras previdentes. Os personagens enforcaram-se nos nós cotidianos, dissecaram suas intimidades nas possíveis relações e se iludiram com ideais extemporâneos.
“O melhor dos mundos possíveis...” Após ouvir que todos os acontecimentos estavam encadeados da melhor forma possível no melhor dos mundos. Cândido encerra nossa leitura: “Tudo isso está bem dito... mas devemos cultivar nosso jardim.”
Voltaire escreveu “Cândido ou o otimista” quando conseguir superar todas as prisões, intrigas e infortúnios que marcaram sua história. Nos últimos vinte anos, viveu em companhia da sobrinha num domínio de Ferney, na província de Gex, quando transformou a fazenda maltratada numa terra produtiva. Cândido e Pangloss foram concebidos neste período de estabilidade, quando o escritor elaborou suas vivências e conhecimentos, costurando uma de suas obras mais conhecidas e respeitadas.
Contudo, Voltaire permanecia envolvido com os “negócios públicos”: ao defender a família de um jovem que se suicidara, Calas, iniciou uma luta por todos os que lhe pareciam injustiçados, incluindo a defesa do jovem La Barre, acusado de mutilar crucifixos.
Muitos sábios como Pangloss sobrevivem e espalham suas idéias otimistas, tentando ludibriar cândidos e inocentes com a certeza dos melhores mundos. Diversos artigos e ensaios costuram os personagens de Voltaire em contextos econômicos e sociais atuais e tentam satirizar alguns protagonistas contemporâneos. Alguns meios de comunicação sustentam que tudo está bem quando tudo está mal.
Mas... Infelizmente estes são os negócios públicos que causam a miséria aos que se envolvem sem defesas e com fortes idealismos. Na construção do mundo possível, o homem deve se estruturar com todas as ferramentas ao seu alcance. Uma ampla visão da humanidade, suas contradições e convergências, e uma segura restrição de sua inserção nas causas sociais nas possibilidades de realizações e conquistas pessoais. O homem é a realidade que laborada com empenho gera frutos e escreve a verdadeira filosofia com atitudes legítimas.
O mundo não é bom ou mau, é apenas um mundo que deve ser encarado com força e coragem.
Tudo está bem dito. E você, leitor, já cultivou o seu jardim?

Helena Sut
Enviado por Helena Sut em 13/05/2005
Código do texto: T16721

https://www.recantodasletras.com.br/resenhasdelivros/16721 - Acessado em 13 04 20 às 20:50 Hs.

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