A lenda de Beowulf
merece um capítulo à parte, pois a sua narrativa em forma épica não faz uso da rima, mas está escrito em versos aliterativos, em
que a primeira parte do verso está ligada à segunda parte, por sílabas
de som similar, como: sempre
cheira a sangue sob o céu sombrio de setembro.
Outra
característica típica do poema é a presença da figura de linguagem conhecida
como metonímia, em que substituímos uma pessoa ou uma coisa por seu
significado, por exemplo: o mar é substituído por "caminho da baleia"
e o rei como "o portador da coroa".
Os personagens principais do poema épico são:
o
Beowulf -
Herói gauta (ou godo) que vive em busca de aventuras que
imortalizem seu nome. Eventualmente é coroado rei dos gautas.
o
Hrothgar - Rei dinamarquês cujo reino é acossado
pelos monstros, posteriormente mortos por Beowulf.
o
Hygelac - Tio de Beowulf e rei dos gautas. Ao morrer
em batalha, seu reino é herdado por seu filho e depois por Beowulf.
o
Grendel -
Criatura sanguinária, primeiro oponente de Beowulf. Ele ataca o salão de festas
de Heorot sempre que ali há uma comemoração.
o
Unferth - Guerreiro de Hrothgar retratado como
invejoso e covarde. O oposto de Beowulf.
o
Mãe de Grendel - Um monstro fêmea
que jura vingança contra os dinamarqueses ao ver seu filho morto por Beowulf.
o
Wiglaf - O mais fiel dos guerreiros de Beowulf,
que o ajuda a matar o dragão e mo final da história se torna o Rei dos Gautas.
A
Lenda foi escrita em torno do ano 1000 da nossa era, mas seus feitos já eram
citados muitos séculos antes pelos menestréis.
Beowulf passou sua infância no reino onde é hoje a Suécia, na
atual Götaland. Era filho de Ecgetheow
e sobrinho de Hygelac, rei dos Geats e, desde criança dava provas de sua
impressionante força e coragem. O
reino da Dinamarca, sob o comando de Hrothegar sofreu durante doze anos as
destruições provocadas por Grendel, um monstro encantado que não podia ser morto
por arma humana. Quando havia festa no palácio ele atacava, matando e
aprisionando os convidados no castelo.
Ao
tomar conhecimento dessa história Beowulf reuniu quatorze de seus melhores marinheiros
e foi até a Dinamarca para acabar com Grendel, o monstro encantado, que
devora homens inteiros. Quando chegaram
e o rei contou a história, eles prepararam uma armadilha. Fingiram uma festa e
quando Grendel chegou, atacou e matou um dos marinheiros, mas Beowulf conseguiu
arrancar um dos braços do monstro que, ao voltar para sua caverna, deixou um
rastro de sangue. Beowulf o segue e o mata usando apenas suas mãos nuas.
A mãe
do monstro viu o filho, seguiu aquele rastro e chegou ao castelo para vingar
sua morte em várias incursões. Beowulf seguiu-a até sua morada, nas profundezas
de uma caverna submarina, localizada num lago habitado por monstros
aquáticos, onde a combate e vence com uma poderosa espada, criada para matar
gigantes. Cortou-lhe a cabeça e a levou
ao rei, para a comprovação da morte. Foram necessários quatro homens para
carregar a cabeça do monstro morto. Beowulf foi acolhido no palácio como herói.
Beowulf e seus guerreiros retornam por mar à sua terra natal onde também recebe
honrarias e muitos bens.
Beowulf
realizou diversas façanhas, entre elas de nadar por sete dias e sete noites
até a terra de Hetware, só
parando para matar nove criaturas marinhas, nas profundezas do oceano. Esta é a explicação do motivo
de ter perdido uma simples disputa de natação com seu mais jovem oponente ― Brecca.
Ajudou, ainda a defender a
terra, matando vários inimigos, mostrou novamente suas habilidades como
nadador, levando sozinho até seu navio, trinta armaduras dos homens que matou.
Beowulf
tinha outro traço heróico característico, a sua habilidade de colocar o bem
estar do povo à frente do seu próprio. Ele percebe os perigos, mas nada teme
pela sua própria vida. O tio de Beowulf é o rei dos Geats e com a morte do rei menino Heardred,
Beowulf o sucedeu no trono e reinou em paz por cinqüenta anos, até que um
dragão começou a devastar seu reino. Beowulf, Já idoso, resolveu matar este
monstro, assim como fez com Grendel, mas durante a batalha, foi ferido
mortalmente e só consegui matar o monstro com a ajuda de Wigla, o único soldado
que ficou ao seu lado até o final da luta, sendo nomeado por isso, seu sucessor
no trono.[1]
O
corpo de Beowulf foi queimado (habitual nessa época e para os povos Escandinavos) e suas cinzas colocadas em
um santuário, no alto de um rochedo, como lembrança das proezas do bom e grande
herói.[2]
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