A História do Soldado – Igor Stravinsky
Em 1918, Igor
Stravinsky escreveu uma de suas mais importantes e conhecidas obras, A História
do Soldado.
Stravinsky concebeu sua criação como sendo uma obra praticamente teatral, uma
história para ser lida, atuada e dançada.
Foi inspirado em um conto folclórico russo, apesar de a versão final ter sofrido modificações do autor, onde um soldado troca seu violino com o Diabo em troca de um livro que poderia prever o futuro.
É executada com um septeto, violino, contra-baixo, clarinete, fagote, corneta (embora seja diversas vezes trocada por um trompete), trombone e percussão, além disso a história tem três narradores, o soldado, o Diabo e um narrador em terceira pessoa.
A música tem características bastante modernas, pela dificuldade da marcação temporal, é muitas vezes apresentada com maestro, embora algumas “ensembles” prefiram não recorrer a tal ajuda.
Foi inspirado em um conto folclórico russo, apesar de a versão final ter sofrido modificações do autor, onde um soldado troca seu violino com o Diabo em troca de um livro que poderia prever o futuro.
É executada com um septeto, violino, contra-baixo, clarinete, fagote, corneta (embora seja diversas vezes trocada por um trompete), trombone e percussão, além disso a história tem três narradores, o soldado, o Diabo e um narrador em terceira pessoa.
A música tem características bastante modernas, pela dificuldade da marcação temporal, é muitas vezes apresentada com maestro, embora algumas “ensembles” prefiram não recorrer a tal ajuda.
A verdade é que ando
vidrado em Igor Stravinsky e por isso me sinto na obrigação de vos oferecer a
oportunidade de também viciarem-se neste russo malhado.
Vê-se claramente as tendências sex-simbólicas vertendo do maestro, certamente uma inspiração para os futuros roqueiros setecentistas.
Vê-se claramente as tendências sex-simbólicas vertendo do maestro, certamente uma inspiração para os futuros roqueiros setecentistas.
Pois bem, agora
vamos à História do Soldado.
NARRAÇÃO:
NO TEMPO MUSICAL
Cansado de caminhar,
um soldado volta ao lar.
Vem de muito longe. Andou, andou, muito ele andou.
Só tem dez dias de folga.
Impaciente por chegar e já morto de tanto andar.
Vem de muito longe. Andou, andou, muito ele andou.
Só tem dez dias de folga.
Impaciente por chegar e já morto de tanto andar.
ANTES DA CENA 1
O soldado sentou-se
à beira de um regato e abriu seu embornal.
“ – Que lindo
lugar…, se não fosse esta vida!!!
Sempre marchando, sem nenhum tostão…
Vejam só! Meus trastes todos de pernas pro ar!!!
Até a medalha de São João, meu padroeiro, eu perdi ….. achei, que sorte!!!
Puxa, nada de dinheiro….”
Sempre marchando, sem nenhum tostão…
Vejam só! Meus trastes todos de pernas pro ar!!!
Até a medalha de São João, meu padroeiro, eu perdi ….. achei, que sorte!!!
Puxa, nada de dinheiro….”
E o Soldado continua
a remexer suas coisas, papéis, cartuchos, um espelho que mal refletia sua
imagem. A foto da noiva, mas continuou procurando, procurando, até encontrar
seu querido violino. Enquanto afina o violino, pensa:
“ – Bem se vê que é
ordinário, precisa afiná-lo o tempo todo…”
E começa a tocar…
LER NA CIFRA 17
Eis que surge o
Diabo, disfarçado de um velho caçador de borboletas, o Soldado não o viu. O
Diabo se aproxima e se coloca atrás dele.
LER ANTES DA CENA 2
“ – Ei, Soldado, me
dá esse violino!!!”
“ – Não!!!” – responde o Soldado
“ – Vende então!!!”
“ – Também não!!!!”
O Diabo pega um livro que traz consigo e sugere:
“ – Troca por esse livro.”
“ – Eu não sei ler” – diz o soldado.
Mas o Diabo insiste:
“ – Não é preciso saber ler, quere apostar? Trata-se de um verdadeiro tesouro, é só abri-lo e embasbacar! Jóias, moedas, ouro!!!”
“ – Não!!!” – responde o Soldado
“ – Vende então!!!”
“ – Também não!!!!”
O Diabo pega um livro que traz consigo e sugere:
“ – Troca por esse livro.”
“ – Eu não sei ler” – diz o soldado.
Mas o Diabo insiste:
“ – Não é preciso saber ler, quere apostar? Trata-se de um verdadeiro tesouro, é só abri-lo e embasbacar! Jóias, moedas, ouro!!!”
O Soldado pede para
ver o livro antes da troca, e o Diabo aceita.
“ – Não adianta tentar ler, soldado, pois não vai entender nada.”
“ – É, eu não entendo nada.”
Mas o Diabo o anima:
“ – Vai, vai folheando, vai folheando…”
O Soldado continua:
“- Mas esse livro vale muito dinheiro, meu senhor, e o violino não me custou quase nada!”
Mesmo assim o Diabo insiste na troca, que finalmente é feita.
O Diabo, após ter tentado tocar o violino, pergunta ao Soldado:
“- Como é, vem comigo?”
“ – Para que, meu senhor?”
“- Você tem que me ensinar a tocar.”
“ – Mas eu só tenho 10 dias de folga.”
“ – Eu te empresto meu carro, não há distância que não vença.”
“- Mas minha mãe e minha noiva estão esperando.”
“ – Logo irá vê-las.”
“ – Mas qual é o caminho?”
“ – Não adianta tentar ler, soldado, pois não vai entender nada.”
“ – É, eu não entendo nada.”
Mas o Diabo o anima:
“ – Vai, vai folheando, vai folheando…”
O Soldado continua:
“- Mas esse livro vale muito dinheiro, meu senhor, e o violino não me custou quase nada!”
Mesmo assim o Diabo insiste na troca, que finalmente é feita.
O Diabo, após ter tentado tocar o violino, pergunta ao Soldado:
“- Como é, vem comigo?”
“ – Para que, meu senhor?”
“- Você tem que me ensinar a tocar.”
“ – Mas eu só tenho 10 dias de folga.”
“ – Eu te empresto meu carro, não há distância que não vença.”
“- Mas minha mãe e minha noiva estão esperando.”
“ – Logo irá vê-las.”
“ – Mas qual é o caminho?”
“–Irá no meu carro
alado, ficará bem hospedado, limpo, descansado, 2 ou 3 dias de passeio
extraordinário, e depois, para sempre milionário.”
“ – E o que vamos
comer? Pergunta o soldado”
“ – Manjares até não mais poder.”
Arrumando animado suas coisas o Soldado continua:
“ – E prá molhar a goela?”
“ – Vinho velho e delicado.”
“- E a gente pode fumar?”
“- Charutos de Havana, os melhores….”
“- Pois bem, meu senhor, estou a sua disposição.”
“ – Vem comigo, então.”
“ – Manjares até não mais poder.”
Arrumando animado suas coisas o Soldado continua:
“ – E prá molhar a goela?”
“ – Vinho velho e delicado.”
“- E a gente pode fumar?”
“- Charutos de Havana, os melhores….”
“- Pois bem, meu senhor, estou a sua disposição.”
“ – Vem comigo, então.”
TOCA MÚSICA - CENA 2
E o velho levou o
Soldado consigo, e veremos que disse exatamente a verdade, pois o Soldado João
pôde comer e beber a vontade. Foi muito bem tratado e ensinou o velho a tocar o
violino para, em troca, o livro poder folhear.
SEGUE MÚSICA - CENA 2
LER APÓS FERMATA DA
CIFRA 5, DURANTE REPETIÇÕES DA MÚSICA DE CENA 2
Dois dias o Soldado
passou prazenteiro, mas finalmente veio o terceiro quando, assustado com a
enlouquecida disparada do carro alado, vê-se em seu velho lar e reconhece seus
amigos e familiares que não lhe dirigem nem mesmo uma palavra. João fica muito
perturbado:
“ – Não foram 3
dias, mas 3 anos!!! Tomam-me por um fantasma, não passo de um morto entre os
vivos. Devia ter desconfiado dele, mas fiquei a ouvi-lo como um pateta, e até
meu violino eu entreguei. Desgraçado de mim o que é que eu vou fazer???”
Enquanto isso, agora
disfarçado de negociante, o Diabo se aproxima sem o Soldado perceber.
CENA II DA 6
Então, vendo o
Diabo, parte em sua direção para o ataque, mas este, com grande lábia, ilude
novamente o Soldado mostrando-lhe seu violino e dizendo:
“ – O que é meu é
meu, o que é teu é teu . Agora cada um com o que é seu.”
SUONA DA 6
João começou a ler o livro, e o resultado foi cada vez mais dinheiro, dinheiro, dinheiro. Leu quanto pode e tirou quanto quis e com todo aquele dinheiro pensou logo em negociar, artigos de senhoras primeiro. E assim foi só começar. Mas, arrependido começa a pensar.
João começou a ler o livro, e o resultado foi cada vez mais dinheiro, dinheiro, dinheiro. Leu quanto pode e tirou quanto quis e com todo aquele dinheiro pensou logo em negociar, artigos de senhoras primeiro. E assim foi só começar. Mas, arrependido começa a pensar.
“ –Ah!!! Meus
fins-de-semana, minhas noites de sábado, quando as moças regavam o jardim… As meninas
brincavam de cabra cega, a gente atravessava o portão, sentava-se na relva,
tomava um refresco. Ah! As coisas simples, as únicas que falam ao coração. Eles
não têm nada e têm tudo, e eu, que tenho tudo, nada tenho!!! Nada, nada, e não
posso voltar atrás. Satã, tu me roubaste!!! O que fazer? Será que o livro
explica? Ei livro, pode me responder o que fazer para ser feliz??? O que fazer
para nada ter??? Você deve saber… o que fazer para retroceder???”
Então ouve a voz de
uma velhinha com várias coisas a vender, inclusive um violino que muito lhe
interessa. O Soldado João tenta tocar, mas o violino permanece mudo. Ele
procura a velhinha, que era novamente o diabo disfarçado, mas ele sumiu, e João
irritado atira o violino ao chão.
CENA III – PARTE 2 –
MARCHA DO SOLDADO
Cansado de caminhar,
o Soldado segue em frente. Aonde ele vai assim? Anda há tanto tempo! Passa o
riacho e depois a ponte. Aonde ele vai? Alguém sabe?
Nem mesmo ele sabe
para onde ir, pega então outra estrada, sem suas riquezas, tentando ser de novo
como outrora. Eis que surge um outro lugar, uma linda cidade, um bar, que
felicidade!!! Beber um trago, que tal??? Um golinho não faz mal. E olhando para
fora, pôs-se a contemplar a paisagem, o leve tremer da folhagem, muito suave
àquela hora. De repente ouve-se o rufar de um tambor.
CAIXA ENTRA
É o Rei desesperado com o grave estado de sua filha! Ela está enlouquecendo de dor! O Rei anuncia que dará a mão da princesa àquele que a curar.
É o Rei desesperado com o grave estado de sua filha! Ela está enlouquecendo de dor! O Rei anuncia que dará a mão da princesa àquele que a curar.
PARADA DA CAIXA
Neste momento João
ouve uma voz a lhe falar:
“ –Que tal a
princesa? Vai lá e banca o médico, nada irá arriscar, diga: ‘Sou médico
militar’. Mesmo que não dê certo, vale a pena tentar… ”
Por que não? O
Soldado ergue-se animado e vai embora sem demora. E nos jardins do Palácio os
guardas lhe perguntam:
“ –Onde vai com
tanta pressa?”
“ –À casa do Rei, ora essa!!!”
“ –À casa do Rei, ora essa!!!”
TOCA A MARCHA REAL
LER ANTES DO PEQUENO
CONCERTO
Mandaram tocar a
música na chegada do Soldado ao Palácio, ele foi muito bem recebido, até que o
Rei chegou e perguntou se ele era médico, João respondeu: sou médico militar. O
Rei estava desanimado, pois vários médicos tentaram curar a princesa, mas todos
fracassaram, João lhe garantiu que tinha um remédio infalível. Então o Rei lhe
disse:
“ – Amanhã verá
minha filha.”
Durante a noite João fica num quarto brincando com um baralho e pensando:
Durante a noite João fica num quarto brincando com um baralho e pensando:
“ –Vou me casar com
a Princesa, que além disso é uma beleza…”
Ao pensar, isso
ouviu uma voz muito conhecida dizendo:
“ –Alguém chegou
primeiro…”
Era o Diabo com o
violino.
“ –Está perdido meu
amigo, pois o remédio está comigo.”
E o Soldado
cabisbaixo reconhece que o Diabo tem o poder, pois ele tem o remédio e João
nada pode fazer.
Novamente João ouve
alguém falando para ele.
“ –Vamos, você tem
que dominá-lo, ele está te dominando porque você está com o dinheiro, jogue com
ele e deixe-o ganhar.”
Começa o jogo, e o
Soldado propositadamente perde todas as partidas, e à medida que o Diabo vai
ganhando, vai perdendo suas forças. João dá bebida ao Diabo que está cada vez
mais fraco. João tenta pegar o violino, mas o diabo ainda não bebeu o
suficiente, João vira vários copos na boca do Diabo, que finalmente cai
desmaiado.
Novamente a voz fala
a João:
“– Vamos, Soldado,
recupera o que é teu!!!”
O Soldado pega o violino e começa a tocar.
O Soldado pega o violino e começa a tocar.
TOCA PEQUENO
CONCERTO
LER CIFRA 28
“–Senhorita, agora já se pode afirmar que com certeza vai sarar, vamos depressa vê-la, pois que já podemos tê-la, e quando a encontrar é só chegar e ousar, vou correndo para lá, sou forte. Saí do inferno, vou tirá-la da morte”.
“–Senhorita, agora já se pode afirmar que com certeza vai sarar, vamos depressa vê-la, pois que já podemos tê-la, e quando a encontrar é só chegar e ousar, vou correndo para lá, sou forte. Saí do inferno, vou tirá-la da morte”.
João entra no quarto
e vê a Princesa deitada na cama, sem se mexer. Ele pega o violino e começa a
tocar.
LER ANTES DA CIFRA 4
A Princesa abre os
olhos, vira-se para o Soldado e senta-se na cama.
TOCA O TANGO, VALSA
E RAGTIME
LER ANTES DA DANÇA
DO DIABO
O Soldado e a
Princesa estão se beijando no quarto, quando ouvem gritos horríveis vindos do
lado de fora. É o Diabo que entra no quarto, dessa vez sem nenhum disfarce, e
fica rodeando o soldado e suplicando para que ele lhe dê o violino e algumas
vezes tenta arrancar o instrumento à força. A Princesa refugia-se atrás do
Soldado de maneira a conservar-se escondida atrás dele. O Diabo, ora recua, ora
salta e o Soldado começa a tocar o violino.
TOCA MÚSICA DANÇA DO
DIABO
LER ANTES DO PEQUENO
CORAL
Em vão, o Diabo
tenta unir as pernas com as mãos. Cai no chão. O Soldado toma a Princesa pela
mão, vê-se que ele não tem medo e dança com ela em volta do Diabo.
A Princesa pega o
Diabo por uma das patas, ambos o arrastam para fora do quarto.
Livres do Diabo
voltam a se abraçar.
TOCA O PEQUENO CORAL
LER DURANTE A CANÇÃO
DO DIABO
“ –Está bem, por
enquanto.” – diz o Diabo – “Mas o reino não é tão grande assim, e quem a
fronteira passar em meu poder há de ficar. Melhor não ir além do permitido,
senão a bela Princesa terá que voltar ao leito, e quanto ao Príncipe, seu bom
marido, é bom que se disponha a andar, pois sei de um lugar, bem profundo, onde
bem vivo vai assar.”
TOCA CORAL
LER NA FERMATA 1
Não se pode querer
tudo ao mesmo tempo. Impossível viver no passado e no presente. É preciso saber
escolher e não tudo querer obter. Pois a verdadeira ventura é uma somente.
Agora tenho tudo,
pensa o Soldado. Até que um dia, a Princesa lhe diz:
“ – Eu não sei nada
de você, conta para mim, me fala um pouco de você.”
“ – Há muitos anos passados, no tempo que eu era soldado, vivia com minha mãe num lindo lugarzinho, longe, bem longe daqui, mas esqueci o caminho.”
“ – Há muitos anos passados, no tempo que eu era soldado, vivia com minha mãe num lindo lugarzinho, longe, bem longe daqui, mas esqueci o caminho.”
“ – E se a gente
fosse lá?” – sugere a Princesa.
“ – Você sabe que é proibido.”
“ –Mas nós voltamos logo e ninguém saberá do acontecido. Vai, confessa. Você bem que gostaria de ir. Sim, você está louco para voltar, estou lendo nos teus olhos, não adianta negar.”
“ – Você sabe que é proibido.”
“ –Mas nós voltamos logo e ninguém saberá do acontecido. Vai, confessa. Você bem que gostaria de ir. Sim, você está louco para voltar, estou lendo nos teus olhos, não adianta negar.”
O Soldado acha que
não convém arriscar, mas lembra-se da mãe, tem esperança de que ela o reconheça
e venha morar com eles. Então eles decidem ir para a cidade. Na pressa de
chegar, ele atravessou a fronteira sem perceber que a princesa havia ficado
para trás.
Ao atravessar a
fronteira, o Diabo apareceu diante dele, estava com o violino novamente e
começou a tocar a Marcha Triunfal do Diabo.
COMEÇA A MÚSICA
O Soldado abaixa a
cabeça e põe-se a seguir o Diabo. A Princesa o chama, ele pára um instante, mas
prossegue, pois nada pode fazer, está sob total domínio do diabo novamente.
FIM.
A principal
característica de grandes obras, sejam musicais, literárias ou, como neste
caso, uma mescla das duas juntamente com a dança, é o fato de promoverem uma
reflexão atemporal. No caso de “A história do Soldado”, a primeira e talvez a
mais aparente crítica de Stravinsky está justamente na guerra. Datando do fim da
primeira grande guerra, Igor estava carregado de indignação perante as inúmeras
mortes de soldados russos, por isso, ao caracterizar o soldado João, logo troca
o seu rifle pelo violino.
O Aristofonia Crew
tem o prazer de apresentar a seguir um trexo da entrevista feita com o próprio
Stravinsky durante uma sessão de ressurreição assistida pelo grupo de batuque
Príncipe Custódio de Xapanã pelo pai-de-santo Jorginho Ijexáoyó:
“Estava na primavera
de 1917, quando comecei a pensar nesta obra, embora na época eu não consegui
começar fazer nada, já que eu estava debruçado sobre Les Noces e sobre o poema
sinfônico Rossignol. Depois da guerra, eu tive a intenção de escrever um
espetáculo dramático para um teatro ambulante. Como eu tinha pensado na
ocasião, seria um grupo pequeno de intérpretes para poder realizar uma tournée
no interior da Suíça. A historia que me seduziu era de um soldado russo que
desejava fazer com que o Diabo bebesse muita Vodka. Eu descobri outras
histórias que envolvia um soldado e o Diabo, e resolvi então colecionar estas
histórias. A compilação dos diversos textos foi feito por Afanasiew, que os
recrutou entre os camponeses logo após a guerra russo-turca e por mim mesmo,
mas o libretto foi escrito por Charles-Ferdinand Ramuz. Eu trabalhei com ele
traduzindo o meu texto russo palavra por palavra. Os textos são efetivamente
cristãos, e o Diabo é o Diabulus da cristandade, um personagem vivo,
multifacetado. A primeira idéia era transportar o período e o estilo de nossa
peça para uma época indeterminada, por volta de 1918 não importa que país, sem
tocar no aspecto relígio-cultural do Diabo. O soldado estará uniformizado como
um simples soldado do exército suíço em 1918. Os nomes nos locais como Denges e
Denezy, são fictícios. Embora a peça seja neutra, nosso soldado é
definitivamente visto como a vítima do conflito mundial em curso na época. Esta
obra está entre minhas obras cênicas com alusão contemporânea”.
Disponível em:
http://aristofonia.opsblog.org/2010/09/03/igor-stravinsky-a-historia-do-soldado/ Acessado em 27/03/2013 às 16H10min
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