Como é muito difícil pesquisar todos os assuntos necessários, nas minhas horas de folga pretendo postar algumas coisas interessantes:
O resumo a seguir não se pode dizer "nossa que maravilha", mas nos dá uma boa ideia geral. Perdoem minha falha na identificação e autoria do resumo a seguir, bem como a falta do link, mas não suprimi o nome dos autores e não deixei de identificá-los. Boa leitura
Olha, pessoal, o resumo e a análise de Dom Casmurro postados neste blog não
dispensam a leitura do livro, apenas reforçam o raciocínio sobre ele, sobre o
autor e sobre o período literário. Não deixe de ler esse livro que, além de
envolvente, é inteligente e gostoso de ler. Dê, a si mesmo, essa oportunidade,
pois se trata de uma das nossas melhores obras.
Machado de Assis
Dom Casmurro
Análise desenvolvida por: Adriana Aparecida
Thiago /
Carla Tisbe Gabriela Calegari / Denise Silmara Lino /
Juliana Berlucci / Juliana Marzola /
Liliane Marson Rossi do 3º ano de Letras das
Faculdades Integradas de Jaú
Carla Tisbe Gabriela Calegari / Denise Silmara Lino /
Juliana Berlucci / Juliana Marzola /
Liliane Marson Rossi do 3º ano de Letras das
Faculdades Integradas de Jaú
[adaptada]
ÍNDICE
SÍNTESE
RESUMO
NARRADOR E FOCO NARRATIVO
A LINGUAGEM
O ESPAÇO
AS PERSONAGENS
ANÁLISE CRÍTICA
SínteseRESUMO
NARRADOR E FOCO NARRATIVO
A LINGUAGEM
O ESPAÇO
AS PERSONAGENS
ANÁLISE CRÍTICA
O narrador-personagem tenta restaurar, na velhice, a
adolescência e, desta forma, viver o já havia vivido, e assim, conta a
história:
Em meados de novembro de 1857, antes de perceber-se apaixonado
pela vizinha Capitu, ao escutar a conversa entre José Dias e sua mãe sobre
tornar-se seminarista, Bentinho, acorda sentimentos que ainda lhe eram
despercebidos ao descobrir o amor que sentia pela moça e ao percebê-lo
correspondido.
Começa, então, elaborar planos que impeçam sua ida ao seminário.
Mas nem com planos mirabolantes Bentinho conseguiu evitar sua partida,
seguindo, então, para os estudos eclesiásticos. Lá conheceu aquele que se
tornou o seu melhor amigo, Escobar.
Depois de um tempo, convenceu sua mãe a custear os estudos de
outro menino, e fazer dele padre em seu lugar padre em seu lugar. Formou-se em Direito voltou para casar-se com Capitu.
Escobar também saiu do seminário, casou-se com Sancha, amiga de
Capitu e engajou-se no ramo do comércio. Escobar Sancha tiveram uma filha. A
amizade de ambos os casais foi aumentando.
Bentinho e Capitu, depois de um tempo de espera, conseguiram ter
também um filho que veio a chamar-se Ezequiel, em homenagem a Escobar.
O tempo foi passando. Escobar morreu afogado e Bentinho percebeu
que Capitu havia ficado muito abalada com a morte de Escobar, mais abalada que
o normal.
Bentinho passou, então, a desconfiar que houvesse certa
semelhança na aparência de entre Escobar e seu filho.
Ezequiel foi internato em uma escola, mas, nos finais de semana,
retornava a casa, deixando Bentinho atordoado com a traição estampada no rosto
de seu próprio filho. Decide, com isso, levar a família à Europa onde Ezequiel
e Capitu ficaram morando.
Dom Casmurro só voltou a ver Ezequiel quando este retorna da
Europa anunciando a morte da mãe. Ao ver Ezequiel, Bento vê a imagem perfeita
de Escobar. Passados alguns meses, Ezequiel viaja para o Oriente Médio e lá
morre de febre tifóide.
O adultério paira nesse romance como uma incógnita, já que é
apresentada uma série de provas e contraprovas sobre a traição de Capitu.
Resumo
Primeiramente, explica-se o nome do livro e o porquê da alcunha
a Bento Santiago de “Dom Casmurro”:
a) “Casmurro” faz referência a seus reclusos e calados;
b) “Dom” é o termo irônico que lhe fornece ares de fidalgo.
O narrador-personagem, depois de tentar, sem sucesso,
reconstituir a sua história através de uma cópia de sua casa na infância,
decide atar duas pontas da sua vida, através de um livro autobiográfico que o
ajudasse a restaurar o passado.
Dom Casmurro ou Bentinho, como era chamado o personagem na sua
infância, morava em uma casa com sua mãe a viúva D. Glória, tio Cosme, prima
Justina e, também, José Dias, agregado da família, que já era considerado como
membro desta.
Era novembro de 1857, Bentinho escutou José Dias conversando com
sua mãe, aconselhando D. Glória a colocar Bentinho no seminário o mais rápido
possível, a fim de cumprir uma promessa feita no passado, pois já havia a
desconfiança de que Bentinho estivesse apaixonando-se por uma vizinha, amiga de
infância, Capitu.
Após escutar a conversa Bentinho, percebe que realmente gosta de
Capitu. Ao declarar-se a vizinha, Bento percebe que seu sentimento é
correspondido e passa a fazer planos para não precisar ir para o seminário. Mas
Bentinho não tem êxito com seus planos e não consegue escapar do destino
imposto pela religiosidade da mãe. Segue, então ao seminário, e lá conhece
Escobar que veio a ser, mais tarde, o seu melhor amigo.
Bentinho se empenhou em convencer a mãe a custear os estudos de
outra pessoa, fazendo dele padre em seu lugar. Dessa forma, o protagonista
abandonou o seminário e foi para a faculdade de Direito. Formou-se advogado e
retornou ao local da sua infância para casar com Capitu. O amigo Escobar também
saiu do seminário e se casou com a melhor amiga de Capitu, Sancha.
Os dois casais vão fortalecendo as amizades. Sancha e Escobar
têm uma filha que recebe o nome de Capitolina em homenagem a amiga
Capitu. Depois de um longo tempo de espera, Bentinho e Capitu, também têm
um filho, quem recebe o nome de Ezequiel, como também se chamava Escobar.
O tempo foi passando e a vida transcorrendo muito bem entre os
casais. Mas, um dia, Escobar morre afogado. No enterro do amigo, Bentinho
percebeu em Capitu, uma tristeza enorme que lhe pareceu indevida. A esposa não
só lhe parecia triste demais, mais do que o normal, como também lhe aparentava,
dissimular tal tristeza.
No dia seguinte ao da morte do amigo, Bentinho, ao olhar para
uma fotografia do falecido, notou certa semelhança entre ele e seu filho. Desde
então surgem fatos, situações e lembranças que o conduzem ao adultério da
esposa. Teria, Capitu, enganado Dom Casmurro? Será que a esposa o havia
traído com o seu melhor amigo?
O sentimento de traição passou a predominar e era horrível. Dom
Casmurro chegou a procurar o suicídio, mas Ezequiel fez com que percebesse que,
além do sentimento atormentador da traição e da condição de bastardo do filho,
havia também o sentimento amoroso entre pai e filho.
“Quando nem mãe nem filho estavam comigo o meu desespero era
grande, e eu jurava matá-los a ambos, ora de golpe, ora devagar, para dividir
pelo tempo da morte todos os minutos da vida embaçada e agoniada. Quando,
porém, tornava a casa e via no alto da escada a criaturinha que me queria e
esperava, ficava desarmado e diferia o castigo de um dia para outro.” (Capítulo
cxxxii)
Ezequiel foi colocado em um internato, mas à medida que o tempo
foi passando sua semelhança com o falecido foi aumentando e nos finais de
semana era impossível para Bentinho sentir-se em paz.
Bentinho não conseguiu expor claramente suas idéias para Capitu,
não houve uma conversa muito clara entre o casal e Capitu por sua vez disse que
a semelhança do menino com Escobar era casualidade do destino, mas mesmo assim
decidiram partir para uma separação amigável, mantendo as aparências.
Bento resolveu então levar a família à Europa, e, de lá, voltou
sozinho. Embora tenha viajado outras vezes para a Europa, nunca mais voltou a
ver Capitu.
O tempo foi passando e morreram Tio Cosme, D. Glória e José Dias.
Certo dia, Ezequiel voltou da Europa anunciando a morte também de Capitu. Dom
Casmurro vê no filho a imagem perfeita de Escobar. Passados alguns meses
Ezequiel viaja para o Oriente Médio e, depois de um tempo, morre de febre
tifóide.
O narrador-personagem apresenta uma série de provas, e também
contraprovas como o fato de Capitu ser tão parecida com a mãe de Sancha sem
haver parentesco algum entre elas. Nenhuma das provas do adultério de Capitu
encontradas por D. Casmurro foram comprovadas.
Mortos todos, familiares e velhos conhecidos, D. Casmurro, em
sua vida fechada, ainda podia se consolar com algumas amigas, mas jamais se
esqueceu do grande amor que o havia traído com seu maior amigo. Será que o
havia traído?
A narrativa de seu livro se mostra eficaz ao tentar atar duas
pontas de sua vida: a adolescência com a velhice e após o término, para
esquecer o relembrado, o revivido, nada melhor que escrever outro livro: Uma
História dos subúrbios do Rio de Janeiro.
Narrador e foco narrativo
A história é narrada na 1ª pessoa do singular, por um
narrador-personagem, que se coloca como o escritor.
Para tentarmos nos aproximar de seu enigma, a história de Dom
Casmurro apresenta como primeira chave, a própria figura deste que ao mesmo
tempo a vive e a relata.
Trata-se de um velho solitário apelidado de Dom Casmurro. O
autor da alcunha, foi um rapaz que, em uma viagem de trem, se aborreceu com a
monotonia de Bento, cansado com o relato tão monótono da sua história de vida.
Outro ponto a se ressaltar no romance é o fato de seu narrador
não ser confiável. Ele mente, distorce, confunde o leitor, com quem conversa ao
longo da narração, anunciando a metalinguagem da literatura do século XX.
Machado de Assis adota um narrador unilateral, fazendo dele o
eixo da forma literária. Inscrevia-se, então, entre os romancistas inovadores,
além de convergir com os espíritos adiantados da Europa, que sabiam que toda
representação comporta um elemento de vontade ou interesse, o dado oculto a
examinar, o indício da crise da civilização burguesa.
Dom Casmurro também pode ser entendido como uma auto-análise de
Bento Santiago, sobrevivente único de uma história de amor com final amargo:
pois Bento julga-se traído pela esposa Capitu e pelo melhor amigo Escobar. Há
vários anos após a morte da esposa e de seu suposto amante, Bento decide
escrever o livro para restaurar no presente o equilíbrio perdido no passado.
O ponto de vista de Bento Santiago domina tudo na narrativa. Até
mesmo as demais personagens não passam de projeções de sua alma. São lembranças
do seu passado, que vão ressurgindo do subsolo da memória à medida que ele
procura a reconstrução de si mesmo.
Linguagem
Machado de Assis utiliza alguns aspectos centrais na linguagem
de Dom Casmurro: reflexões metalingüísticas, as ironias às expectativas do
leitor, as digressões. Através delas, o narrador nos revela, como se os
estivesse escondendo, não só os “bastidores” sombrios da personalidade de
Bentinho, mas também a própria arquitetura do romance.
Por Exemplo, no capítulo 59 encontramos o seguinte trecho:
“Nada se emenda bem nos livros confuso, mas tudo se pode meter
nos livros omissos (...). É que tudo se acha fora de um livro falho, leitor
amigo. Assim preencho as lacunas alheias; assim podes também preencher as
minhas.”
Esse fluxo é trabalhado literariamente ao longo do romance.
Portanto na linguagem de Dom Casmurro há reflexão metalingüística — sempre
recoberta pela ironia de seu ritmo, de sua não linearidade, da presença de
“reticências”.
O espaço
Bentinho só sai de lá, para entrar para o seminário em
cumprimento de uma promessa que a mãe fizera e que não poderia ser quebrada. Em
sua terra natal, o jovem deixa a mãe, o tio e seu grande amor, a vizinha.
Ao voltar, casa-se com Capitu, sua melhor amiga e também seu
grande amor. Vão morar nos altos da Tijuca, na Praia da Glória, mas fazem
visitas freqüentes a Matacavalos, onde agora moram o pai de Capitu, a mãe de
Bentinho, assim como parentes e amigos.
Cada uma dessas regiões é explorada em seu texto, bem como as
pessoas com quem Bentinho conviveu e que interagem no enredo. O livro é narrado,
com emoção e riquezas de detalhes.
Personagens
Bento Santiago:
Quando jovem era um pouco mais baixo que Capitu. Não apresentava
traços físicos definidos e revela-se como um moço rico, mimado pela mãe e,
talvez por isso, não apresentasse o mesmo espírito vivaz e a iniciativa de
Capitu. Comenta-se que, aproximadamente aos vinte e dois anos de idade,
Bentinho se parecia muito com o pai:
“[...] sim tem alguma coisa, os olhos, a disposição do rosto. É
o pai um pouco mais moderno, concluiu por chalaça.”
No passado dividia-se entre a mãe e a vizinha. Conforme escreve,
o livro divide-se entre o passado e o presente. Tanto acusa quanto louva a
falecida esposa.
Bento não pretendia ser padre como determinava sua mãe, sua
intenção era casar-se com Capitu, sua amiga de infância. Depois de velho e da
perda de seus familiares passa a viver isolado.
Ele mesmo diz:
“Uso louça velha e mobília velha “
“Em verdade, pouco apareço e menos falo. Distrações raras. O
mais do tempo é gasto em hortar, jardinar e ler; como bem e não durmo mal”.
Capitolina: no inicio na narrativa, está com 14 anos e é um
pouquinho mais alta do que Bentinho. Tem os cabelos grossos negros e compridos
até a cintura. Seus olhos são negros e misteriosos a ponto de despertar no
narrador a comparação com a ressaca do mar, é esperta, inteligente,
extrovertida, criativa e previdente.
É ela que pensa primeiro num plano para livrar Bentinho do
seminário e que desperta nele o impulso do primeiro beijo e que, após sua
entrada no seminário, fica o maior tempo possível ao lado de D. Gloria.
Torna-se querida de tal forma, que, quando José Dias usa a palavra nora D.
Gloria sorri como quem aceita.
O narrador mostra, nas entrelinhas, a parca condição financeira
da jovem Capitu:
“apertada em um vestido de chita, meio desbotado. [...] As mãos,
a despeito de alguns ofícios rudes, eram curadas com amor [...] Calçava sapatos
de duraque, rasos e velhos, a que ela mesma dera alguns pontos”.
Escobar:
Conhece Bento no seminário e logo se tornam amigos inseparáveis.
Tem grande facilidade com números, por isso, sonha em ser comerciante e, assim
que abandona o seminário, dedica-se ao negócio de café. É o grande
desencadeador da trama, pois Bento acredita que ele tornou-se amante de sua
esposa, Capitu.
José Dias definiu Escobar como um rapaz polido de olhos claros e
dulcíssimos. O narrador o descreve da seguinte forma:
“A cara rapada mostrava uma pele alva e lisa. A testa é que era
um pouso baixa, vindo a risca do cabelo quase em cima da sobrancelha esquerda —
mas tinha sempre a altura necessária para não afrontar as outras feições, nem
diminuir a graça delas. Realmente, era interessante de rosto, a boca fina e
chocarreira, o nariz curvo e delgado. Tinha o sestro de sacudir o ombro
direito, de quando em quando e veio a perdê-lo, desde que um de nós lhe notou
um dia no seminário; primeiro exemplo que vi de que um homem pode corrigir-se
muito bem dos defeitos miúdos”.
José Dias:
Era magro chupado, com um principio de calviçe e dedicado a
família de Bentinho até a morte. Era agregado em casa de D. Gloria
"apresenta-se como medico sem o ser.”
“[...] amava os superlativos. Era um modo de dar feição
monumental às idéias; não as havendo, servia a prolongar as frases. [...] vi-o
passar com as suas calças brancas engomadas, presilhas, rodaque e gravata de
mola. Foi dos últimos que usaram presilhas no Rio de Janeiro, e talvez neste
mundo. Trazia as calças curtas para que lhe ficassem bem esticadas. A gravata
de cetim preto, com um arco de aço por dentro, imobilizava-lhe o pescoço; era
então moda. O rodaque de chita, veste caseira e leve, parecia nele uma casaca
de cerimônia. Era magro, chupado, com um princípio de calva; teria os seus
cinqüenta e cinco anos. Levantou-se com o passo vagaroso do costume, não aquele
vagar arrastado se era dos preguiçosos, mas um vagar calculado e deduzido, um
silogismo completo, a premissa antes da conseqüência, a conseqüência antes da
conclusão. Um dever amaríssimo!"
Dona Glória:
Mãe de Bentinho, senhora religiosa e viúva que, em razão de uma
antiga promessa, desejava fazer do filho um padre.
“D. Maria da Glória Fernandes Santiago contava quarenta e dous
anos de idade. Era ainda bonita e moça, mas teimava em esconder os saldos da
juventude, por mais que a natureza quisesse preservá-la da ação do tempo. Vivia
metida em um eterno vestido escuro, sem adornos, com um xale preto, dobrado em
triângulo e abrochado ao peito por um camafeu. Os cabelos, em bandós, eram
apanhados sobre a nuca por um velho pente de tartaruga; alguma vez trazia a
touca branca de folhas. Lidava assim, com os seus sapatos de cordovão rasos e
surdos, a um lado e outro, vendo e guiando os serviços todos da casa inteira,
desde manhã até à noite.”
Tio Cosme:
Irmão de D. Glória, advogado e viúvo era modesto, gordo, olhos
dorminhocos e respiração curta. Ocupa posição neutra: não se opunha aos planos
de Bentinho, mas também não interrompia.
"Era gordo e pesado, tinha a respiração curta e os olhos
dorminhocos. Uma das minhas recordações mais antigas era vê-lo montar todas as
manhãs a besta que minha mãe lhe deu e que o levava ao escritório. O preto que
a tinha ido buscar à cocheira segurava o freio, enquanto ele erguia o pé e
pousava no estribo - a isto seguia-se um minuto de descanso ou reflexão.
Depois, dava um impulso, o primeiro, o corpo ameaçava subir, mas não subia;
segundo impulso, igual efeito. Enfim, após alguns instantes largos, tio Cosme
enfeixava todas as forças físicas e morais, dava o último surto da terra, e
desta vez caía em cima do selim. Raramente a besta deixava de mostrar por um
gesto que acabava de receber o mundo. Tio Cosme acomodava as carnes, e a besta
partia a trote."
Prima Justina:
Viúva prima de D. Glória. Parece ser egoísta, ciumenta e
intrigante.
“Era quadragenária, magra e pálida, boca fina e olhos curiosos.
Vivia conosco por favor de minha mãe, e também por interesse; minha mãe queria
ter uma senhora íntima ao pé de si, e antes parenta que estranha.”
Pedro de Albuquerque Santiago:
Pai falecido de Bentinho.
“Não me lembra nada dele, a não ser vagamente que era alto e
usava cabeleira grande; o retrato mostra uns olhos redondos, que me acompanham
para todos os lados, efeito da pintura que me assombrava em pequeno. O pescoço sai
de uma gravata preta de muitas voltas, a cara é toda rapada, salvo um
trechozinho pegado às orelhas. [...] O que se lê na cara de ambos [os pais de
Bentinho] é que, se a felicidade conjugal pode ser comparada à sorte grande,
eles a tiraram no bilhete comprado de sociedade.”
Padre Cabral:
Velho amigo do tio Cose com quem costumava jogar durante as
noites, na casa de D. Glória, e quem ensinou a Bentinho as primeiras letras,
latim e doutrina. O padre ajuda Bentinho no caso do seminário, explicando para
a família pode-se ter a vocação religiosa manifesta de outra forma que não a de
se tornar padre:
“Prima Justina interveio: — Como? Então pode-se entrar para o
seminário e não sair padre? — Padre Cabral respondeu que sim, que se podia, e,
voltando-se para mim [Bentinho], falou da minha vocação, que era manifesta; os
meus brinquedos foram sempre de igreja, e eu adorava os ofícios divinos. A
prova não provava; todas as crianças do meu tempo eram devotas. Cabral
acrescentou que o reitor de S. José, a quem contara ultimamente a promessa de
minha mãe, tinha o meu nascimento por milagre; ele era da mesma opinião.”
Sancha:
Companheira de colégio de Capitu, filha de Gurgel, comerciante
de objetos americanos que “era viúvo e morria pela filha”. Sancha casa-se
com Escobar.
“Escobar e a mulher viviam felizes, tinham uma filhinha. Em
tempo ouvi falar de uma aventura do marido, negócio de teatro, não sei que
atriz ou bailarina, mas se foi certo, não deu escândalo. Sancha era modesta, o
marido trabalhador.”
O casal estreita amizade com Bentinho e Capitu:
“Demais, as nossas relações de família estavam previamente
feitas; Sancha e Capitu continuavam depois de casadas a amizade da escola,
Escobar e eu a do seminário. Eles moravam em Andaraí, aonde que riam que
fôssemos muitas vezes, e, não podendo ser tantas como desejávamos, íamos lá
jantar alguns domingos, ou eles vinham fazê-lo conosco. Jantar é pouco, íamos
sempre muito cedo, logo depois do almoço, para gozarmos o dia compridamente, e
só nos separávamos às nove, dez e onze horas, quando não podia ser mais.”
Ezequiel:
Filho de Capitu e Bentinho, cujas feições e trejeitos
semelhantes aos de Escobar levam o narrador a desconfiar de que sua esposa o
traíra, e a crer que não é seu filho, mas sim, de seu melhor amigo.
“Nem só os olhos, mas as restantes feições, a cara, o corpo, a
pessoa inteira, iam-se apurando com o tempo. Eram como um debuxo primitivo que
o artista vai enchendo e colorindo aos poucos, e a figura entra a ver, sorrir,
palpitar, falar quase, até que a família pêndula o quadro na parede, em memória
do que foi e já não pode ser. Aqui podia ser e era.”
ANÁLISE CRÍTICA
A obra
- É um conto sem cunho educativo.
- Remete o leitor a algumas passagens de “Otelo”, a obra de
Shakespeare, e também aos Deuses Gregos.
- envolve temas atuais: um triângulo amoroso; a resistência do
jovem a ser seminarista; a separação; a preocupação com as aparências etc.
- envolve temas atemporais: a dúvida da traição, e o sentimento
de impotência perante a dúvida, o amor contrapondo-se ao ódio; o pensar na
morte e no valor da vida; a solidão; a velhice, a necessidade de reparação etc.
- aborda características psicológicas do ser humano já que
Bentinho foi criado sem o pai, fato que, em parte, define o comportamento do
protagonista demonstrado na relação materna e matrimonial, bem como, na amizade
com Escobar. Segundo o psicanalista Sigmund Freud, a relação afetiva com os
pais é de grande importância para o comportamento do adulto, podendo ocasionar
patologias futuras, como a neurose, muitas vezes reconhecida como o complexo de
Édipo.
Os críticos
O crítico José Guilherme Merquior define o estilo narrativo de
Dom Casmurro como uma obra de capítulos curtos (mini-capítulos), cujos títulos
expressam o sarcasmo do autor, acomapnhando o estilo apresentado nos dois
romances precedentes.
José Guilherme diz que Machado de Assis não apresenta as
personagens, mas sim, denúncias. Para Guilherme, a arte de Machado é
sugestionada ao máximo, carregada de humor expresso nas citações literárias,
alusões mitológicas, linguagem figurada e expressões sentenciosas.
Já Barreto Filho diz que Machado de Assis vai à busca do trágico
e sua visão em si se detém nas aparências das coisas. Sua arte tem a expressão
— sentimento + razão — que é o ideal de Machado.
Dom Casmurro é uma contribuição brasileiríssima ao motivo básico
da arte impressionista: a expressão elegíaca do tempo.
Antônio Cândido ressalta que os críticos que estudaram Machado
nunca deixaram de inventariar sobre as causas do seu tormento social e pessoal,
por isso, analisando o aspecto da vida intelectual, percebe-se que Machado
sempre foi apoiado e aos cinqüenta anos já era considerado o maior escritor do
país.
Bsb, 19 08 24 - 22:20Hs
Bsb, 19 08 24 - 22:20Hs